Um pouco da história da Geoquímica

Fonte: Concepto

Em um universo paralelo, poder-se-ia questionar se a Química seria Zeus e a Biologia, Física e Geologia seus affairs, uma vez que existe a Bioquímica, Físico-Química e a Geoquímica. Mas, como não é um universo paralelo e sim um universo real, é necessário conceituar a Geoquímica de forma clara e verdadeira, tratando-se de uma ciência que estuda a origem, evolução e distribuição dos elementos químicos na Terra, encontrados nos minerais, nosseres vivos, na água e na atmosfera.

            Data-se que em meados do século XVI foram desenvolvidos os primeiros trabalhos aprofundados na área da geologia, sendo seguido por estudos sobre como era o comportamento dos elementos e de sua presença na natureza, estes realizados por Agrícola (no século XVI), Steno (no século XVII) e alguns outros naturalistas da Renascença. Porém, por mais que desde o século XVI os estudos sobre a relação entre a Química e a Geologia tenham iniciado, apenas dois séculos depois (séc. XVIII), a Geoquímica começou a aparecer, finalmente, como uma área a parte em que eram estudadas as análises químicas de rochas e minerais.

            Como ciência, a Geoquímica desde seu início procurou entender e explicar como se dava a existência da Química na Terra em um ponto de vista mais geográfico, afinal, a Química já existia como uma ciência e já estava explicando que “aqui” e “ali” estavam distribuídos diversos elementos. No entanto, para os geoquímicos as questões eram diferentes. Indagavam: “O que há na litosfera?”, “E na hidrosfera?”, “Será que também há química na atmosfera? E se sim, o que há?”. Contudo, ainda era muito complicado fazer certas especulações, posto que a tecnologia da época ainda não estava muito avançada. Portanto, seu desenvolvimento aconteceu com a união de diversos objetivos, tais como: economia, indústrias e energia (metais e matérias-primas) e, é claro, interesses na área científica.

            Dois séculos mais tarde, no século XX, a geoquímica começou a ter um avanço muito significativo, devido ao grande avanço tecnológico da época. Foi neste século que houve a possibilidade das descobertas da composição dos minerais, sendo provinda da descoberta de Laue em 1912. Ele descobriu que a distribuição interna de átomos de uma substância cristalina tinha a possibilidade de ser uma rede de dispersão de um feixe de raios-X.  Diante disto, Bragg fez a utilização da técnica descoberta por Laue e conseguiu enfim determinar qual era a real estrutura da halita (mineral da classe dos halóides, de origem sedimentar). A partir daí, oito anos depois, diversos outros pesquisadores passaram a determinar a distribuição de elementos e estruturas de mais e mais minerais comuns.

            Se conseguir descobrir do que é feito um mineral já é uma coisa extraordinária, imagine a possibilidade de investigar qual seria a composição química de áreas inacessíveis da Terra. Parece uma coisa de outro mundo, não é? Mas garanto que isso se trata deste mundo e que isso ocorreu há quase que 100 anos atrás. Isso aconteceu durante um período de 30 anos após 1912, onde começaram a ser descobertas e desenvolvidas ligas de aço que permitiam criar a Petrologia Experimental (feita em laboratório, submete amostras a pressões altas que se assemelha ao manto da crosta terrestre). Diante disso, alguns pesquisadores conseguiram, experimentalmente, estudar sobre a composição química de áreas inacessíveis da Terra. Diz-se inacessível porque, sem a menor hipótese, um humano conseguiria investigar isso diretamente na crosta terrestre a elevadas temperaturas.

            Como se não bastasse as numerosas descobertas dentro de um único século, a geoquímica voltou a surpreender trazendo nomes de ganhadores dos prêmios Nobel, como Marie e Pierre Curie, Becquerel e Rutherford. Afinal, o que químicos e físicos estariam fazendo dentro da geoquímica? A resposta é simples, seus estudos sobre isótopos radioativos deram um estopim para uma das áreas com maior crescimento da geoquímica, a Geoquímica Isotópica. Essa visa determinar as composições isotópicas de 25 elementos químicos. Mais tarde, os estudiosos da área da geoquímica passaram a investigar as reações químicas dentro de sua área.


Texto escrito por Mônica Lopes, graduanda em Licenciatura em Química pela Universidade de Santa Catarina.

Referências:

DEFINIÇÃO DE GEOQUÍMICA. Conceito de Geoquímica: objetivos, desenvolvimento histórico. Dados geoquímicos e primeira classificação geoquímica de elementos. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2912910/mod_resource/content/1/leitura2%20geoquimica%20ligea2017.pdf#:~:text=O%20termo%20Geoqu%C3%ADmica%20foi%20introduzido,Sch%C3%B6nbein%20em%201838.&text=Eskola%20em%20rochas%20metam%C3%B3rficas%2C%20estabelecendo,do%20conceito%20de%20f%C3%A1cies%20metam%C3%B3rficas. Acesso em: 03 set. 2021

PIETZSCH, Raphael, Uma breve história de uma nova ciência – Geoquímica: Química ou geologia? Parte II, 2013. Disponível em: https://raphaelpietzsch.wordpress.com/2013/04/21/uma-breve-historia-de-uma-nova-ciencia-geoquimica-quimica-ou-geologia-parte-ii/. Acesso em: 03 set. 2021;

PORTAL SÃO FRANCISCO. Geoquímica, Definição. Disponível em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/geoquimica. Acesso em: 03 set. 2021;

SANTOS, Márcio, Geoquímica: Conceitos, História e aplicações, Geoquímica em foco, 2017. Disponível em: http://professormarciosantosgeo.blogspot.com/2017/08/geoquimica-conceitos-historia-e.html. Acesso em: 03 set. 2021.

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